Como interpretar os rótulos de alimentos para cães e gatos?

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Todos queremos o melhor para os nossos animais de companhia e a alimentação é um fator fundamental para garantir que se mantêm fortes, saudáveis e felizes. Mas na hora de escolher uma ração ou um snack, assim que viramos a embalagem para ler o rótulo somos assolados por dúvidas e mais dúvidas. Com este artigo, queremos ajudar-te a compreender um pouco melhor o que os rótulos de alimentos para o teu cão ou gato te estão a tentar dizer.

Imagem: Acana Pet Foods

Os principais elementos dos rótulos de alimentos para animais de companhia, e aos quais se deve prestar mais atenção no momento de tomar uma decisão, são:

1.       O nome do produto;

2.       O tipo de alimento;

3.       A espécie e/ou categoria de animais a que se destina;

4.       A quantidade líquida;

5.       A lista de ingredientes;

6.       Os constituintes analíticos;

7.       O valor energético;

8.       As instruções de alimentação;

9.       A data de durabilidade;

10.   O nome e morada do fabricante.

(Podes consultar a lista completa de elementos obrigatórios na rotulagem de alimentos para animais de companhia no Regulamento (CE) 767/2009.)

 

Vamos, agora, analisar cada um destes elementos individualmente para compreender melhor a informação que contêm.

1. Nome do Produto

Como muitos tutores de animais de companhia baseiam a sua decisão de compra num ingrediente específico, várias marcas tentam destacar um determinado ingrediente no nome do produto para destacar a sua presença. No entanto, é importante consultar a lista de ingredientes para perceber em que medida é que este ingrediente está presente na formulação do alimento, pois poderá dar-se o caso de não existir numa quantidade tão relevante quanto seria de antecipar pelo nome do produto.

2. Tipo de alimento

Distinguem-se dois tipos de alimentos para animais (Regulamento (CE) 767/2009):

Alimento completo para animais é o alimento composto* para animais que, devido à sua composição, é suficiente enquanto ração diária para suprir todas as necessidades nutricionais da espécie a que se destina. Por exemplo, rações secas ou húmidas.

Alimento complementar para animais é o alimento composto* para animais que, devido à sua composição, é suficiente enquanto ração diária apenas se utilizado em combinação com outro alimento para animais. Ou seja, por si só, não satisfaz totalmente as necessidades nutricionais do animal. Por exemplo, snacks e suplementos.

*Trata-se de um alimento composto quando resulta da combinação de duas ou mais matérias-primas.

3. Espécie e/ou categoria de animais

A quantidade de determinados nutrientes ou presença de aditivos específicos, torna os alimentos mais ou menos adequados para cães ou gatos, e dentro de cada espécie, a adequação nutricional de um alimento pode variar de acordo com diferentes estágios da vida do animal. No momento da escolha de um alimento para o teu animal de companhia é importante perceberes se é o mais indicado para as suas características como, por exemplo, idade, condição física ou tamanho.

Dentro da oferta para cão e gato existem inúmeras opções: júnior, adulto, sénior, ativo, com excesso de peso, porte pequeno, médio ou grande, entre muitas outras.

4. Quantidade líquida

A quantidade líquida indica a quantidade de produto que se encontra dentro da embalagem.

5. Lista de ingredientes

Ordem dos ingredientes

A lista de ingredientes tem de incluir todos os ingredientes por ordem decrescente de peso. Aqui considera-se o peso de cada ingrediente no momento em que é adicionado à fórmula (incluindo o conteúdo de água que compõem o ingrediente quando é pesado inicialmente, mas que será perdido, pelo menos parcialmente, durante o processo de confeção do alimento).

Porque é que este detalhe é relevante? Como tínhamos referido no último artigo do blog “O Que Tem De Diferente Uma Ração Com Ingredientes Naturais?”, num alimento completo para cão ou gato de qualidade, os primeiros ingredientes da lista devem ser proteínas animais (no mínimo, o primeiro ingrediente).

Vamos considerar, por exemplo, uma ração seca cujo primeiro ingrediente é frango ou salmão e o segundo e terceiro são milho e arroz. Tendo a carne e o peixe maior concentração de água do que os cereais, se fossem pesados novamente depois de serem processados – e grande parte da água e gordura que os compunham inicialmente serem eliminadas – e se a lista de ingredientes fosse revista, seria possível que o frango ou o salmão já não estivessem no primeiro lugar da lista.

Podes ver a comparação entre algumas listas de ingredientes de rações secas para cães e gatos do nosso último artigo aqui.

Designações e tipos de ingredientes

O segundo passo na interpretação da lista de ingredientes, é compreender o que de facto são os ingredientes que a compõem. Nalguns alimentos, particularmente no que respeita às proteínas, não há muita clareza na descrição dos animais de onde essas proteínas de facto provêm. Por vezes, deparamo-nos com ingredientes designados por “carnes e subprodutos animais”, “proteína animal”, “proteína de aves”, “gordura animal”, “óleo de peixe”, entre muitos outros exemplos. Carnes/proteína/gordura de que animal ou animais? Que tipo de subprodutos animais? De que aves estamos a falar ao certo? E de que peixe(s) exatamente vem o óleo?

Não se trata de uma regra geral, mas quando não é clarificada a origem do ingrediente, trata-se geralmente de um ingrediente de qualidade inferior.

Em relação aos subprodutos, estes são, no caso de alimentos para animais, os excedentes do processamento de alimentos para consumo humano. Os subprodutos de origem animal podem ser, por exemplo, ossos, espinhas, bicos, órgãos, etc. Estes não são necessariamente ingredientes de baixo valor nutritivo ou pouco seguros para consumo dos nossos animais de companhia. Principalmente, não devem ser a única fonte de proteína do alimento e quanto mais especificados forem, melhor.

A transparência na descrição dos ingredientes dos alimentos que damos aos nossos animais de companhia é fundamental para podermos tomar decisões conscientes e informadas, e deveria ser um compromisso adotado por todos os fabricantes.

Na análise das listas de ingredientes surge ainda a questão dos “ingredientes de enchimento”. Estes são ingredientes de custo inferior, por vezes com baixo valor nutricional (geralmente cereais como o arroz, milho, trigo, etc.), utilizados com o objetivo de dar volume ao alimento. Os cereais não são prejudiciais para a maioria dos nossos animais, no entanto, nalguns casos, não são facilmente digeridos ou podem desencadear reações alérgicas. Se os nossos cães ou gatos não forem sensíveis ou alérgicos aos cereais, estes podem ser bastante benéficos para a sua saúde, especialmente os cereais integrais, mas não devem ser os ingredientes em maior quantidade.

Apesar de habitualmente se defender que os primeiros 5 ingredientes são os mais importantes, recomendamos que leias a lista de completa pois, por vezes, ingredientes de qualidade inferior podem estar “escondidos” entre outros melhores.

Aditivos

Chega a parte que muitos de nós passamos à frente. No final da lista de ingredientes surgem os nutrientes adicionados. Em alimentos completos processados, como é o caso das rações secas e húmidas para cães e gatos, é necessária uma suplementação de vitaminas, minerais e outros, para garantir que as necessidades nutricionais são totalmente satisfeitas. Esta suplementação torna-se necessária pois, durante a confeção do alimento, nomeadamente durante o processo de cozedura dos ingredientes, devido às elevadas temperaturas alguns dos nutrientes são perdidos.

Nalguns rótulos os fabricantes fazem uma distinção entre os aditivos que, de acordo com o Regulamento (CE) nº 1831/2003, podem ser classificados da seguinte forma:

- Aditivos tecnológicos: por exemplo, conservantes, antioxidantes, emulsionantes, estabilizantes, reguladores de acidez e aditivos de silagem;

- Aditivos organolépticos: por exemplo, aromatizantes e corantes;

- Aditivos nutritivos: por exemplo, vitaminas, minerais, aminoácidos e oligoelementos;

- Aditivos zootécnicos: por exemplo, melhoradores de digestibilidade e estabilizadores da flora intestinal;

- Coccidiostáticos e histomonostáticos: substâncias destinadas a eliminar ou inibir o desenvolvimento de protozoários (parasitas protozoários podem causar diversas doenças).

É nesta secção que habitualmente se encontram os prebióticos e/ou probióticos, os ácidos gordos, como os ómega-3 e ómega-6, diversas vitaminas, minerais e aminoácidos, como é o caso da taurina, que é essencial em alimentos completos para gato.

6. Constituintes analíticos

Os constituintes analíticos representam a análise da quantidade de nutrientes específicos presentes no alimento. Esta informação é muito importante para te ajudar a perceber se o produto em questão tem a combinação de nutrientes mais indicada para o teu cão ou gato. Por exemplo, se tens um cão ou um gato muito ativo, um alimento com percentagem de proteínas mais elevada poderá ser mais adequado ou, no caso de estar acima do peso ideal, é importante ter menos gorduras e mais fibras.

É fundamental não analisar os constituintes analíticos isoladamente mas sim em simultâneo com a lista de ingredientes, para assim ser possível compreender a qualidade das proteínas, a origem das gorduras, etc.

7. Valor energético

Esta informação é particularmente importante para garantir que estás a disponibilizar ao teu animal de companhia a quantidade diária ideal de calorias para as suas necessidades de energia. Deves informa-te junto da clínica veterinária onde o teu cão ou gato é seguido acerca da dose diária ideal de calorias que deve ingerir, tendo em conta as suas características. Ao longo do tempo, as suas necessidades vão sofrendo alterações e a quantidade diária de calorias ingeridas também deve ser revista.

Tal como acontece com os constituintes analíticos, o valor energético do alimento deve ser analisado a par com a lista de ingredientes para perceber onde é que essas calorias têm origem. Por exemplo, se o teu animal de companhia tiver excesso de peso, mesmo que o alimento seja baixo em calorias, é importante saber se essas calorias não provêm de ingredientes de qualidade inferior ou difíceis de digerir.

8. Instruções de alimentação

Estas instruções são bastante relevantes mas, deves ter sempre em mente que se tratam de generalizações, uma vez que as necessidades energéticas consideradas pelos fabricantes para calcular as doses diárias recomendadas se baseiam em médias. As quantidades sugeridas nos rótulos devem ser ajustadas sempre que necessário para que correspondam às atuais necessidades energéticas do teu cão ou gato, como mencionámos no ponto anterior, considerando a sua idade, o seu peso, se é ou não esterilizado, se está ou não em fase de gestação ou amamentação, ou outros fatores que poderão influenciar as suas necessidades nutricionais.

9. Data de durabilidade

De acordo com o Regulamento (CE) 767/2009, a data de durabilidade segue os seguintes requisitos:

“Consumir antes de …”, seguindo-se a data indicando um dia determinado, em caso de alimentos para animais altamente perecíveis devido a processos de degradação.

“Consumir de preferência antes de …”, seguindo-se a data indicando um mês determinado, no caso de outros alimentos para animais.

É fundamental seguir as recomendações de armazenamento indicadas pelo fabricante, antes e depois da abertura da embalagem para que o alimento não sofra alterações que afetem a sua durabilidade prevista. Deves ter especial atenção a este aspeto no caso dos alimentos húmidos que, depois de abertas as embalagens, têm uma duração bastante curta que deve ser respeitada, pois têm um risco acrescido de desenvolvimento de bactérias que poderão ser nocivas para a saúde do teu animal de companhia.

10. Nome e morada do fabricante

A designação da empresa ou pessoa responsável pela confeção do alimento, a sua morada e contactos, estão sempre disponíveis nas embalagens para que possas colocar quaisquer questões acerca do produto.

Estes são alguns dos elementos mais importantes dos rótulos dos alimentos para os nossos animais de companhia. Para além destas informações que partilhamos contigo, que te poderão ajudar a tomar uma decisão mais informada, recomendamos-te que solicites a opinião da/o médica/o veterinária/o que acompanha o teu cão ou gato, para garantires que estás a fazer a melhor escolha.

Se tiveres alguma dúvida acerca dos rótulos dos alimentos que temos disponíveis na loja Puranimal ou outros, não hesites em contactar-nos. Estamos aqui para te ajudar!

Juntos por um cuidado natural.

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